O produtor agrícola está diariamente sujeito a muitos riscos, sejam na ordem econômica, sanitária ou social. Mas, sem dúvidas, os riscos que mais trazem preocupação ao produtor são os riscos climáticos, tendo na geada motivo de grande preocupação.
Esse é um fenômeno bastante conhecido pelo produtor rural, principalmente pelo grande risco de resultar em grandes prejuízos produtivos e econômicos na atividade agrícola.
Para evitar problemas mais sérios é fundamental que o agricultor esteja sempre atento e tome algumas medidas preventivas que, ao menos, reduzam consequências das geadas em suas lavouras.
O que é uma geada? Como ela se forma?
A geada é caracterizada pela presença de uma camada fina de gelo que se forma sobre superfícies ao ar livre nas noites muito frias, normalmente no outono e inverno.
A formação dessa fina camada de gelo se dá quando a temperatura do ar atinge o ponto de congelamento (0°C). Nessa temperatura, o vapor de água presente no ar passa para a fase sólida sem se tornar líquido primeiro, formando assim o que chamamos de cristais de gelo.
A geada também pode surgir a partir do estado líquido da água, quando o orvalho congela. Porém, vale notar que esse fenômeno não é um tipo de precipitação (caso da chuva e da neve), sendo formada junto ao solo.
A formação da geada pode acontecer de algumas formas:
Geada de advecção ou de vento frio: provocada por ventos fortes e constantes, além de temperaturas muito baixas durante muitas horas seguidas. O ar frio irá ressecar a folhagem e causar a sua morte. A advecção de ar frio resulta da entrada de massas de ar frio, provenientes da região polar.
Geada de radiação: Este processo ocorre quando há resfriamento muito intenso da superfície por perda de energia em noites de céu limpo, provocado por um sistema de alta pressão. Tal fato inibe a formação de nuvens no céu, facilitando a perda de radiação da superfície para a atmosfera.
Geada mista: Essa é a situação em que os dois processos anteriores ocorrem sucessivamente, com entrada do ar frio e seco que estagna sobre a região, favorecendo assim intensa perda de energia durante a noite.
Geada de canela: provocada pelo vento que sopra morro abaixo em noites de intenso resfriamento da superfície. O vento irá congelar a seiva que passa pelo caule das plantas próximo ao solo (“canela” da planta), com isso os vasos condutores de seiva nessa região irão necrosar, aparentando uma cor escura.
Aspectos visuais das geadas
Além das formas citadas, esse fenômeno pode ser também dividido em função da sua aparência.
A geada branca é a típica geada de radiação, onde ocorre a deposição de gelo sobre as plantas, conferindo uma coloração branca sobre a vegetação. Muitas vezes a geada branca caracteriza-se por não provocar danos para culturas mais tolerantes, pois embora a água congele a 0°C, a temperatura letal pode estar bem abaixo deste valor.
A geada negra típica ocorre quando o ar está muito seco e a planta morre antes que ocorra formação e congelamento do orvalho. Nas condições ambientais brasileiras, normalmente se conhece como geada negra os danos de ventos frios que desidratam os tecidos expostos. Por isso esse fenômeno também se chama geada de vento.
Geada na agricultura: Problema com sérias proporções
A geada, muitas vezes, cria paisagens muito bonitas, deixando os campos com um aspecto todo branco e belo para o olhar de visitantes. Porém, para os agricultores, as geadas são motivo de grandes preocupações, principalmente pelo prejuízo que elas podem trazer.
Ocorrências desse tipo podem trazer sérios problemas para a agricultura em praticamente todo o planeta. No Brasil, tradicionalmente, os produtores de café são os mais “perseguidos por este fantasma”, tanto que ocorrências desse tipo já aniquilaram a economia de regiões inteiras.
Em outras regiões, lavouras de trigo, de hortaliças e pastagens também são afetadas pela onda de frio intenso, deixando produtores rurais de algumas partes do Brasil com grandes prejuízos.
Por isso, fazendas tentam a planejar seus plantios de modo a escapar da estação de geada, com muitos produtores tomando medidas para proteger suas plantações desse sério problema.
Estratégias para minimizar os efeitos da geada
Muitos produtores ainda acreditam que o maior perigo do congelamento das folhas ocorre durante a manhã. Segundo eles, os primeiros raios solares iriam derreter o gelo formado sobre as folhas, “queimando-as”.
Para impedir isso, muitos produtores até ateiam fogo a pilhas de pneus nas manhãs de frio mais intenso, acreditando que a fumaça possa impedir os raios solares de “queimar” a lavoura. Porém, sabe-se atualmente que o sol não tem qualquer influência sobre o fenômeno das geadas, ou seja, a “estratégia de queimar pneus” de nada adiantará.
Mas há outras estratégias bastante eficazes que podem, ao menos, minimizar os efeitos da geada. São elas:
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Melhor planejamento do local e semeadura
Para iniciar um novo projeto agrícola, vale analisar o histórico de dados climáticos do local, além da variedade a ser cultivada. Neste planejamento é preciso escolher locais e época de plantio/semeadura de modo a “fugir” dos períodos mais críticos quanto à ocorrência de geadas.
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Utilização de variedades resistentes
Existem, à disposição de produtores, muitas variedades que apresentam diferentes tolerâncias ao frio e, consequentemente, à geada. Assim, o conhecimento das temperaturas letais para as diferentes variedades cultivadas, tanto anuais como perenes, possibilita ao produtor escolher quais são aquelas mais adequadas para sua região.
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Irrigação durante a noite muito fria
Uma estratégia bastante útil é a aplicação de água por aspersão na cultura durante a noite com geadas, em uma taxa de 2 a 6 mm/h. Quando a água congela, libera calor latente, reduzindo o resfriamento, mantendo assim a temperatura por volta de 0°C.
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Uso de coberturas protetoras e viveiros
O uso de coberturas plásticas é uma excelente opção para minimizar os riscos das geadas. Elas proporcionam condições microclimáticas adequadas para os cultivos em épocas de ocorrência de geada, principalmente para hortaliças.
O aquecimento dos viveiros também é uma boa opção. Mas, devem-se tomar precauções para evitar acidentes em viveiros cobertos. A recomendação é distribuir pequenos aquecedores dentro do viveiro, ao invés de concentrar o aquecimento apenas em alguns pontos.
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Ventilação forçada
Consiste em misturar o ar da atmosfera mais quente (acima) com o ar mais frio (abaixo), pois nas noites de inverno ocorre a inversão térmica, com a superfície sendo mais fria que as camadas de ar mais altas.
Para aplicar esse método é necessário a instalação de grandes ventiladores acima da cultura, por isso essa estratégia é aplicável somente para pequenas áreas planas.
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Arborização e quebra-ventos
A adoção de quebra-ventos visa reduzir os impactos dos ventos frios e dos ventos dominantes durante o ano. Os ventos frios vêm da direção Sudoeste na maioria dos casos. Portanto, terrenos expostos devem ter os renques de árvores cortando esta direção.
Caso o interesse seja reduzir os efeitos dos ventos dominantes, deve-se observar na propriedade a tendência de inclinação das árvores em decorrência do impacto contínuo do vento e instalar as cortinas perpendiculares a esta direção.
Conclusões
A geada é representada por uma queda de temperatura abaixo do nível de dano da cultura, podendo, em muitos casos, matar a planta e causar enormes prejuízos.
Exatamente por isso a adoção de algumas medidas preventivas torna-se essencial para que as consequências negativas desse problema sejam, ao menos, reduzidas.
Entre as medidas, pode-se citar: utilização de variedades resistentes; irrigação durante a noite, uso de coberturas e viveiros e muito planejamento, que deve se iniciar antes da semeadura.
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